A promessa de inovação nem sempre vem acompanhada de tranquilidade para o consumidor. É o que está acontecendo com clientes da locadora de veículos Hertz, nos Estados Unidos, após a adoção de uma nova tecnologia israelense para inspeção de carros devolvidos.
A empresa passou a utilizar um sistema de inteligência artificial desenvolvido pela startup israelense UVeye, que escaneia automaticamente os veículos em busca de possíveis avarias. A tecnologia já está em operação no aeroporto de Atlanta e deve ser expandida para outras unidades em breve.
O que parece inovação virou motivo de preocupação
Em vez de um atendente avaliar visualmente o estado do carro no momento da devolução, agora quem faz isso é uma máquina equipada com câmeras e algoritmos avançados. A promessa é agilizar o processo e evitar erros humanos — mas a realidade tem sido bem diferente para muitos consumidores.
Clientes da Hertz começaram a relatar casos em que foram cobrados por supostos danos que não haviam causado. Em alguns relatos, arranhões quase imperceptíveis ou imperfeições mínimas na pintura foram detectados pelo sistema, gerando taxas inesperadas e sem direito à contestação imediata.
Como funciona o sistema?
A tecnologia da UVeye realiza um escaneamento completo da lataria do veículo em poucos segundos, usando inteligência artificial para comparar o estado do carro com imagens anteriores. Qualquer diferença, mesmo mínima, pode ser considerada um dano.
Embora a empresa afirme que o sistema é mais preciso e confiável do que a avaliação manual, especialistas alertam para o risco de excesso de rigor e a falta de mediação humana em um processo que pode impactar diretamente o bolso do consumidor.
Expansão prevista
A Hertz informou que está satisfeita com os resultados do uso da tecnologia em Atlanta e que planeja ampliar o uso do sistema para outras filiais nos EUA e, possivelmente, no exterior. A ideia é tornar o processo de devolução mais rápido e “objetivo” — embora clientes afetados discordem da objetividade da IA.
Conclusão
O caso reacende o debate sobre os limites da automação e o equilíbrio entre eficiência e justiça no atendimento ao consumidor. Quando a tecnologia substitui totalmente o olhar humano, quem garante que o bom senso será mantido?