Três anos depois de lançada no Brasil, a Ford Maverick recebeu uma atualização, que chega por aqui. Primeiramente, as mudanças surgem somente nas configurações a combustão. A versão Lariat FX4 foi descontinuada, abrindo espaço para a Lariat Black, nova variante de entrada, e a Tremor, topo de linha, com pacote especial para o off-road, inspirada na F-150 de mesmo nome. A Lariat Hybrid também será atualizada, vem depois, no final deste ano.
Com o facelift, a Maverick ganha faróis mais finos. Os DRLs passam a acompanhar toda a peça, enquanto a grade muda levemente. Ela perde a barra horizontal central, que passa a ser exclusiva da versão Tremor, e ganha uma nova trama com traços diagonais em preto brilhante.
Aliás, cada uma das variantes terá um padrão próprio de grade, inclusive a híbrida, que avistamos brevemente, sendo essa a forma mais fácil de diferenciá-las. O nome Black, da versão mostrada aqui, é meramente ilustrativo: há dez opções de cores disponíveis.
Mais importante que os retoques visuais, porém, é o reposicionamento da picape, que chega com custo/ benefício mais atraente. O preço da versão de entrada da linha baixou R$ 20.000. Enquanto a FX4 custava R$ 239.900, a nova Black chega por R$ 219.900.
É preço de Fiat Toro diesel, que custa R$ 210.490 na versão Volcano e R$ 228.490 na versão Ranch. Estas têm motor 2.2 turbodiesel de 200 cv.
A redução de preço da Ford Maverick ainda veio acompanhada de um incremento no conteúdo de equipamentos embarcados.
Se antes, lhe faltavam assistentes de condução, uma central multimídia mais moderna, um quadro de instrumentos digital como nos demais modelos da marca vendidos no Brasil e itens que melhoram o conforto e a vida a bordo, agora não falta mais.
Só para efeito de comparação, no que diz respeito aos equipamentos de segurança, os únicos recursos de assistência ADAS disponíveis eram frenagem automática de emergência e uma câmera de ré. Não havia nem sequer sensor de estacionamento traseiro. Agora, a picape traz câmera 360o, sensor de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado, assistente de permanência em faixa e até piloto automático adaptativo.
Passando para as telas: sai o antigo quadro de instrumentos com uma pequena tela de TFT e mostradores analógicos, e entra um novo display de 8” totalmente configurável. A antiga multimídia de 7” dá lugar ao bem mais moderno sistema Sync 4, com tela de 13,2”, que tem operação fácil e intuitiva, e não apresenta travamentos.
Ela também é a responsável por operar o ar-condicionado digital bizona, que dispensa controles analógicos redundantes, mantendo seus controles sempre visíveis na tela, sem prejudicar a leitura de mapas ou outros sistemas. O Sync 4 ainda tem conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, fazendo valer a adição do carregador por indução.
Fora isso, há quatro portas USB (três tipo C, sendo duas para a segunda fila e uma na frente, e uma tipo A na dianteira), assento do motorista com ajuste elétrico, retrovisores elétricos, faróis, DRLs e lanternas de led, sistema de som Bang & Olufsen com oito alto-falantes e teto solar.
O motor 2.0 turbo Ecoboost a gasolina continua lá, com seus 253 cv e 38,7 kgfm, assim como a transmissão automática de oito marchas. A tração é integral permanente (AWD), garantindo boa estabilidade no asfalto e uma maior disposição para uma trilha off-road leve.
Em nossa pista de testes, a Maverick fez de 0 a 100 km/h em 7,2 segundos, enquanto o consumo foi de 8,5 km/l , na cidade, e de 12,1 km/l, na estrada. Nas retomadas, de 60 a 100 km/, o tempo foi de 4 s, o que atesta rapidez em ultrapassagens. É digno de nota também o funcionamento silencioso do motor. Em rotação máxima registramos apenas 61,5 dBA. No uso normal escuta-se apenas a turbina agindo e o barulho do vento, que acabam se sobressaindo.
Há cinco modos de direção: Normal, Eco, Esporte, Escorregadio e Rebocar/Transportar. Porém, não espere muito no fora de estrada, essa missão fica para a Tremor, com um conjunto de suspensão específico para isso e que a deixa mais alta que a Black. Aliás, esse detalhe também não foi modificado na versão básica, que parte dos R$ 219.900.
Sua altura em relação ao solo é de 21,8 cm, mais baixa que a Fiat Toro e a Rampage. Apesar dessa ser uma reclamação dos proprietários, em nossa convivência com a picape, não houve problema de raspar a parte inferior, mesmo em asfaltos mais esburacados. Logo, sobrou apenas o ponto positivo. Seu centro de gravidade mais baixo ajuda na estabilidade. Some isso a uma boa suspensão e um chassi de monobloco e temos uma picape muito estável.
O facelift e o reposicionamento de preço e conteúdo deixaram a Maverick mais atraente e em condições mais equilibrada para brigar no mercado com as rivais, o que era uma tarefa inglória.
Até maio deste ano, foram vendidas apenas 640 unidades da Maverick, contra 19.918 da Toro, que é a líder disparada do segmento de picapes intermediárias, e 9.428 da Rampage, a rival que a Ford considera como real concorrente. É uma diferença gritante, mas que refletia o abismo que havia entre a Ford e as outras, considerando o custo/benefício de cada uma. A expectativa da Ford é que o jogo comece a mudar a partir de agora.
Veredicto Quatro Rodas
Por um bom preço e agora com um pacote de equipamentos condizente, a Maverick pode ter lugar de destaque e espantar a fama de cara e mal equipada, deixando seu conjunto mecânico brilhar.
Ficha técnica – Ford Maverick Black
Motor: gas., dianteiro, transversal, 4 cil., 16V, turbo, 1.999 cm³, 253 cv a 5.500 rpm, 38,7 kgfm a 3.000 rpm
Câmbio: aut. 8 marchas, tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: ind. McPherson (diant